quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Sinta

Ele, sem saber que era impossível, pediu uma resposta.
Mas como responder em palavras, o que com palavras não se pode dizer?

Tentei, em vão: "olhe-me e verás!"

Mas ele não viu
que cada parte do meu corpo agradecia, em êxtase, o toque recebido;
que meus olhos o olhavam como quem vê a manhã que se abre;
que minha boca conhecia o gosto do prazer porque conhecia o gosto do seu beijo;
que ao seu lado minha alma voou e descobriu a liberdade;
que, curiosa, minha mente queria sempre mais, um pouco mais
(ele disse que o universo e a sabedoria eram infinitos e eu acreditei);
que sendo dele, era eu, ali, de mim mesma - pois não há diferença.
Mas ele não viu.

E precisei, num exagero ultra-româtico,
gritar: EU TE AMO!

(a eterna vulgaridade das palavras)

um pássaro cantou ao fundo.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

sentimental

sentimenatal demais
a felicidade em gotas de lágrimas
nelas também vai a tristeza
sentimental demais

o sonho
a ilusão
a esperança

a razão não tem vez
é só por isso que estou aqui.

sábado, 13 de setembro de 2008

"Que estranha potência a vossa"

Tenho uma história que não me sai da cabeça. Peço e chego a implorar que ela se apresente, mas não, ela diz: "deixe-me em paz, ainda não estou pronta, é preciso mais tempo." Não quero esperar, não posso esperar. É uma peso que não suporto, esse de viver carregando histórias em mim.
Se - e quando - a história quiser, começo a escrever.
A estranha potência das palavras.