sábado, 3 de março de 2012

O cabelo crespo do meu pai.

Estou precisando entranhar meus dedos em cacheadas ondulações. Acariciar tão fundo que encontre a pele. Deslizar a palma como quem não quer pegar. Enroscar indicadores em molas, puxá-las e ver a dança do retorno.

Quando foi que esqueci que isso era bom? Em que buraco negro (!) da ditadura da uniformização ficou preso meu cabelo? Nada em mim é liso: nem meus poros nem minhas crenças. Por que meus cabelos hão de ser?

É mais fácil se saber quando olha no espelho e encontra ali o reflexo de uma verdade.