sexta-feira, 21 de novembro de 2008

o amor é outra liberdade

a liberdade de ficar.
de permanecer sem ser o mesmo.
de ir e voltar, ir e voltar e ainda ter caminhos a percorrer.

a liberdade de voar sozinho
sem estar só.
de andar junto, lado a lado.

a liberdade de sentir prazer.
de se emocionar.
de sorrir sem se sentir culpado.

a liberdade de ser inteiro e se dividir.
de dar vida a outra vida.
de abraçar o mundo sem se perder.

o amor é a liberdade de não sentir medo.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

nem isto nem aquilo

Falavam noutro dia de uma saudade do que poderia ter sido. Aquela viagem que não aconteceu; a voz que não saiu; a espera que se prolongou até a exaustão; o encontro adiado; o beijo interrompido; a loucura na qual não embarcamos; o medo que paralizou; a pessoa que se foi cedo demais ou aquela que nem chegamos a conhecer; a escolha pelo caminho da direita.

Talvez todos, absolutamente todos, já tenham experimentado a sensação do "e se eu tivesse escolhido o outro lado, como seria?", que para os mais frustrados converte-se em "como eu queria voltar no tempo para ir pelo outro caminho". Isso porque nós sempre queremos todas as experiências. Como seria bom conhecer o caminho da direita, da esquerda e todos os outros. As escolhas muitas vezes nos traem, pois elas supõem uma renúncia, sempre. Mas há outra verdade que me (nos?) salva: não estamos full time no controle, há também o que nos escapa, nos ultrapassa e excede.

Se tem saudade da pessoa que poderia ter sido, se a saudade daquele amor não declarado o consome, se seus olhos brilham toda vez que se imagina entrando naquele avião, se deseja de novo aquela oportunidade mal aproveitada, se tem saudade seja lá do que for (e do que não foi), agradeça, porque é essa falta, esse ainda querer mais, esse desconforto que nos mantém vivos.

Apesar do tom frívolo-auto-ajuda-a-vida-é-bela, não ignoro que há saudades irremediáveis. Eu mesma tenho as minhas.

Agora, lendo tudo o que acabei de escrever, não sei mais se trata-se de um texto sobre escolhas ou saudade. Comecei a escrever porque essa tal conversa que presenciei sobre "a saudade do que não foi" me fez pensar que somos responsáveis por ela quando optamos "pelo que foi" e não "pelo que não foi" - sob esse aspecto temos um texto sobre escolhas. Mas me lembrei da saudade que eu tenho por não ter visto meu pai nos últimos 14 aniversários. Saudade do que não foi e não se trata de uma escolha.