segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Diário na sombra (trecho) - Álvaro de Campos

(...)
Há, além disso,
Aquele pasmo negro, aquele arrepio sombrio,
Que seria na alma
O ter havido um segredo de Deus
Dito no grande solo antenatal, quando a vida
Não raiava ainda ao longe,
E todo o Universo luminoso e complexo
Era ainda um destino inevitavelmente a cumprir.
Se isto não me define - e isto não me define,
Porque o Segredo que Deus me disse não era só isto.
Amo esta cousa que é hoje estar do lado do irreal,
O fim que há nisso, o meu dever de compreender o incompreensível
O meu sentimento d'haver quem não se pode sentir,
O meu grande interesse de impedir na infância,
O domínio dos sonhos arquitetatos na luz.
Sim, é isto que põe
Uma velhice anterior à minha infância na minha face
E no meu olhar uma angústia interior à minha alegria.
Olhas-me disfarçadamente, de vez em quando,
E não compreendes,
E tornas a olhar, disfarçadamente e sempre...
Sem Deus não há vida nesta vida
E não poderás nunca compreender...

(17.09.1916)


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

o guarda-chuva laranja (uma homenagem a uma fada)

Era o mês de julho e fazia frio. Fazia tempo que julho não se parecia tanto com julho. Chovia sem parar gotas pequenas e escassas, porém insistentes. O tempo era, portanto, um imperativo à vida doméstica; mesmo assim, naquele dia, era preciso sair: já não havia mais comida nem para o gato (talvez se fosse só para mim, eu suportasse mais um dia de dieta de baixa caloria).

Livrei-me do pijama de flanela e essa nudez obrigatória pareceu congelar-me a alma. Calças, agasalho e botas foram sufucientes para recompor-me. Na rua, muitos guarda-chuvas batiam-se na calçada espremida a caminho do supermercado. Não via as pessoas, somente todo o aparato que as protegia. Essa realidade é uma metáfora ao contrário, porque não me recordo da última pessoa que realmente vi. As representações têm sido levadas tão a sério, que há a equívoca sensação de que todos são atores, quando não se percebe que o ator, antes de ser outro, expõe publicamente tudo o que verdadeiramente é. Pensei isso enquanto pegava o troco de minhas compras.

Voltava para casa quando, subitamente, o chuvisco cessou e feixes de luz ultrapassaram as nuvens. Senti cheiro de chuva secando. O dia estava mais claro e convidativo. Passando ao lado do único parque da cidade, vi, de relance, alguém por quem tinha muito afeto. Era a avó de uma grande amiga que há muito saiu do país. Fui ao seu encontro e, expressando minha alegria em revê-la, dei-lhe uma longo abraço. Longo e não-retribuído abraço. Estranhei tal frieza e me afastei delicadamente. Ela não olhava em minha direção.

A mulher vestida de branco que a acompanhava tratou de explicar: "É alzheimer, tadinha...". Ouvi meu coração trincando. Pela segunda vez no dia minha alma congelou. A acompanhante informou-me que a família fazia visitas periódicas e que era ela quem cuidava de dona Lucíola. Senti raiva, desprezo e, por fim, compaixão. "É difícil para todos", ela completou o que eu pensara.

Mesmo sob advertências de que sua memória estava péssima, insisti em conversar. Não poderia, porém, ter começado com pergunta mais imprópria:

- Lembra de mim? Joana, filha da Silvia, da casa de esquina? Eu e Luciana, sua neta, brincávamos quase toda tarde no seu jardim...

Ela se virou calmamente, olhou-me e perguntou:

- Quem é você?, ela fez a pergunta mais cruel que se pode fazer a alguém.

- Joana, filha de Silvia, da casa da esquina...

(Ela sorriu)

Com um sorriso, foi assim que ela me respondeu. Nem sim nem não, mas com um sorriso. Compreendi: ela não sabia a resposta. Mas isso não era uma dor. Também não era uma alegria. Ela sorriu como criança sorri, como criança, ao não saber uma resposta, sorri. E o seu sorriso me disse que ali ainda havia alguém real, com lacunas que a vida e a doença lhe impuseram, mas cuja autenticidade não se questionava.

Uma brisa fria levou daquele rosto a expressão reconfortante que eu vira segundos atrás. Despedi-me das senhoras. Voltou a chuviscar enquanto eu abria a porta de casa. Entrei. Olhei-me no espelho do corredor da entrada e me vi.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

doce leveza


há um coração pulsando em minhas mãos.
não é o meu,
mas levo-o comigo
porque é leve como uma pena.

não sei o destino dele.
ele não é meu,
nem nunca será:
cada um tem um coração
apenas.

enquanto isso, trago-o junto ao peito
e seguimos uma caminhada feliz.
até que ele encontre
um lugar vazio
onde possa repousar.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

les petit

Havia um prazer tão modesto naquela brincadeira: um caixote em cima, outro embaixo e eis minha mansão. Era princesa de um castelo ou professora de uma escola ou dona-de-casa e isso era divertidíssimo. Eu, minhas bonecas - filhas? alunas? súditas? - algumas panelas velhas e não havia quem me retirasse daquele mundo de imaginação. Onde se enxergavam panos velhos, eu via cortinas de renda francesa; o caixote menor era a mesa de mármore; a entrada, um caminho desenhado na grama por pedras lapidadas em diversos formatos. Eu estava sozinha, mas entendia essa solidão. Ela era necessária, porque quem veria o mesmo? Meu irmão se esforçava, até fingia - poucas vezes deparei-me com tanta generosidade - mas não vivíamos no mesmo mundo.
Ele era do mundo sensível das coisas e das pessoas. Aquele que toda criança quer ter por perto para fazer travessura, pois nada teme. Não bastava imaginar-se o super-homem, precisava subir a goiabeira e jogar-se na caixa-d'água - a tampa ovalada o fez crer que iria bater e voltar. Nada feito. Pulou, quebrou a tampa e nem um arranhão. Minha mãe diz que Deus deixou que ele voasse. Por isso era adorado, ovacionado pelas outras crianças. Era um corajoso. Minhas primas nunca quiseram saber de bonecas ou ficar comigo; o divertido de ir para minha casa era o meu irmão. Eu sabia disso e concordava, aliviada.

Essa história não termina aqui. Mas, por enquanto, estou de novo no caixote, o sol está fraco e o dia é claro. Ouço meu pai cantando e as gargalhadas do meu irmão não atrapalham minha brincadeira. Só um minuto mais...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

no meio do caminho tinha uma palavra

não sei rimar
não crio frases de efeito
nem sou escritora
(só carrego as palavras em mim)

não sou solar
não sou otimista
não sou bem-humorada

não sou aventureira
não sou voraz
não arrisco

não aproveito o dia
não chego às 5 da manhã
não bebo todas

não sou organizada
não tenho horário de estudo
não cozinho bem

não li James Joyce
não assisti a Tomates verdes fritos
nem conheço de cor todas as músicas de chico

O que eu não sou
é o que eu sou.

quando o espaço entre
o que se é
e o que
se quer ser
é grande.

no meio desse caminho
preciso deixar nascer
umas dessas palavras de que estou grávida
,
mesmo que não façam sentido
ainda que não sejam poesia
nem bonitas
preciso expô-las
expor-me
extrair-me
delas
aceitá-las em sua feiura e humanidade.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

pedagogia da verdade

Estou diante de trinta e dois espelhos (mas poderiam ser quinze, vinte e sete, quarenta e dois).

(Seria bom se o reflexo fosse sempre sincero.

Aguardo respostas honestas, perguntas curiosas, olhos atentos.

O que vamos descobrir hoje?
Que a língua como sistema de signos aleatórios, material e imaterial existe e não precisa ser explicada para atingir seu objetivo.
Que a linguagem nos torna (o quê?);
Que uma criança de seis anos cria e compreende metáforas sem saber seu nome;
Vamos constatar que a linguagem é a lente com que enxergamos o mundo à nossa volta; quanto maior o grau dessa lente mais apurado é o nosso olhar;

Vamos perceber que um poema de Vinícius faz sentido, comove, pinta o mundo de rosa, ou entristece e faz chorar o néscio, porque há uma sabedoria que habita o coração.

O que eu quero ensinar?
Que não há nada mais humano do que o aprendizado.)


Alguns, poucos em geral, refletem exatamente o que eu gostaria de enxergar: a imagem mais bonita, inteligente e delicada de mim.

Outros, que por sorte também são poucos, são indiferentes - espelhos na noite que nada mostram.

Uma maioria, confusa, pinta em sua superfície plana aquilo que somos: aldazes, invejosos, corajosos, indignados, felizes, arrependidos, doloridos, sinceros, cruéis, vis, ambiciosos, honestos, mal-educados, gentis, carinhosos, abusados, respeitosos (...), (...), (...)

Ver-se tão claramente, todos os dias, é pros fortes.

Tenho andado cansada ultimamente.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O príncipe do volvo prata

Edward Cullen não existe.

E não é porque ele é fruto da imaginação de alguém; não é porque habita o universo encantado das páginas dos livros adolescentes (livros que ainda precisam crescer para serem verdadeiramente grandes); não é porque ele é triplamente criado: pela autora, pelos olhos apaixonados de Bela e pelos olhos envolvidos das leitoras.

É porque sua perfeição é irreal, inumana e inverossímel até mesmo para um vampiro. Um vampiro cujo amor pela mulher é maior que o desejo pelo seu sangue; cuja paciência o faria esperar a eternidade; cuja entrega lhe tiraria a própria vida no momento em que a vida fosse arrancada de seu amor; cuja tensão erótica o leva até o beijo aterrador: o beijo do vampiro que não mata.

Ele não existe porque até o sentimento mais nobre é falível. Ele não existe porque ele não hesita. É preciso hesitar para existir, é preciso falhar, é preciso ser além do outro. Edward Cullen só existe no outro. No ideal de herói romântico do outro.

O mundo mudou (clichê?), A mulher se emancipou (clichê?), mas continua desejando e esperando um príncipe forte, corajoso, protetor, compreensivo, amoroso, amante caliente e lindo, cujo mundo se resume a viver pela mulher amada: você (esse, o maior dos clichês, tão velho, tão atual, tão adolescente - e tão verdadeiro).

Edward Cullen não existe.

Mas existe o amor, alguém que prepara o jantar e coloca uma flor no centro da mesa; existe quem te proteja, às vezes, porque nem sempre vai perceber sua fragilidade. Há quem te deseje loucamente, mesmo quando acorda de tpm e inchada; há quem te ouça - não no meio do jogo, claro - e compreenda a sua dor.

Não estamos sós em nossas imperfeições, graças a Deus.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

A desejada das gentes

Não há dúvida de que a felicidade seja um conceito individual e cultural, estado estreitamente ligado aos valores e à visão de mundo do homem. Assim, como mulher ocidental e contemporânea, o tão almejado estado é tal qual sou: fragmentada, contraditória e perecível.

A fragmentação referida é a certeza de momentos - e não mais que isso - em que alcança-se o sublime, o perfeito encontro do desejo e sua realização. Acreditar em mais é viver frustrado. Felicidade é ver seu nome estampado num cartão de visitas, prova cabal de que existe no mundo real.

Conquistado seu espaço, já não se sabe mais que caminho seguir. A modernidade traz consigo um universo de possibilidades tão vasto que as escolhas alternam-se, contradizem-se e o que satisfaz o homem hoje, não o contentará amanhã. Felicidade é ser amante do branco, mas ter todas as cores dentro do armário.

Depois de tê-la, um dia - ou no segundo seguinte - a felicidade acaba. Da mesma forma que a vida humana só tem sentido porque é finda - a imortalidade alteraria todos os paradigmas que nos orientam -, aquela é querida porque fugaz. Sua perenidade arrancaria-lhe todo sabor de vitória. Felicidade é ver o sol se pôr, na praia, com seus amigos e amores, mesmo que o amanhã não chegue.

Aceitar a finitude e a instabilidade da felicidade já é estar mais próximo a ela. Assim, conhecer para realizar-se é ir pintando um quadro para o qual, no fim da vida, olharás em sua completude e dirás: fui feliz.

domingo, 24 de maio de 2009

eu confesso 2

Que a vida é um mar de rosas. que não há nada mais para se querer, somente o mar, que as energias renovapurificarevigoraalivia, e a ternura das rosas.


eu sei que as palavras são sempre poucas, gota a gota, homeopáticas. elas só saem assim, pela metade, inteiras no que dizem, mas insuficientes na forma. entende? não? que importa!

domingo, 17 de maio de 2009

eu confesso

UMa dor que nunca acaba. uma vontade de ter o mundo, de ser o mundo, de estar com o mundo. uma ânsia que não cabe em mim. essa dor que não finda. um desejo insaciável. e uma alegria tão breve.

e assim os dias se engendram: de rápidos respiros alegres e longos suspiros por aquilo que há-de-vir, se deus quiser.

domingo, 26 de abril de 2009

uma prece emprestada, mas minha.

"(...)alivia a minha alma, faze com que eu sinta que Tua mão está dada à minha, faze com que eu sinta que a morte não existe porque na verdade já estamos na eternidade, faze com que eu sinta que amar é não morrer, que a entrega de si mesmo não significa a morte, faze com que eu sinta uma alegria modesta e diária, faze com que eu não te indague demais, porque a resposta seria tão misteriosa quanto a pergunta, faze com que me lembre de que também não há explicação por que um filho quer o beijo de sua mãe e no entanto ele quer e no entanto o beijo é perfeito, faze com que eu receba o mundo sem receio, pois para esse mundo incompreensível eu fui criada e eu mesma também incompreensível, então é que há uma conexão entre esse mistério do mundo e o nosso, mas essa conexão não é clara para nós enquanto quisermos entendê-la, abençoa-me para que eu viva com alegria o pão que eu como, o sono que durmo, faze com que eu tenha caridade por mim mesma pois senão não poderei sentir que Deus me amou, faze com que eu perca o pudor de desejar que na hora de minha morte haja uma mão humana amada para apertar a minha, amém." - Clarice Lispector, Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres.

sexta-feira, 20 de março de 2009

(des)nudez

"Toda nudez será castigada"




porque





A verdade não é querida.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

SOU AFETADA, MOBILIZADA E ATRAVESSADA, TODOS OS DIAS, POR CADA OLHAR QUE RECEBO E LANÇO; POR CADA ALMA QUE MEU OLHAR ALCANÇA;TODA VEZ QUE ALGUÉM VÊ MEU CORPO FRÁGIL, MINHAS PERNAS TRÊMULAS E MEUS DESEJOS.

Às vezes dói.


Às vezes liberta.

Noutro dia, ao voltar para casa, passava pela estação de metrô Carioca quando cruzei meu olhar com um senhor que tocava sax. Olhamo-nos fundo. Eu sorri. E como quem acabou de chegar de uma longa viagem, ele disse satisfeito: "Você me lembrou muito alguém". Eu continuei caminhando, lentamente, para que aquele homem prolongasse lembrança tão feliz, tão...

Já não era apenas eu. Era a lembrança, o sorriso, a canção, o sax, o olhar, a vontade de voltar e abraçar, a esperança. Todos os dias, nunca sou apenas eu,



.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Ausência não é falta

insônia
peçonha
quem sonha?

Até hoje não sabia o que era querer dormir e não conseguir. Meu corpo está cansado, fisicamente, e minha mente não quer mais pensar. Quer parar. Mas não para. Fica aqui, funcionando, a todo vapor, racionalizando, raciocinando, pensando, enviando um impulso prum neurônio aqui, outro ali... Apesar disto, sou pouquíssimo produtiva à noite - a quem interessa se sou produtiva à noite? O que quero dizer, mente intrometida, é que se pelo menos fizesse algo que prestasse nestas longas horas acordadas (são as horas que estão acordadas, não eu) na calma da madrugada... porém, não. É só isso. O silêncio perturbador do meu cérebro trabalhando, conjecturando, costurando acontecimentos virtuais.


Sou tão repetitiva. Em tudo. No que falo. Na maneira como falo - impossível não reparar nos pontos finais. Só na repetição me encontro. Porque vou aos mesmos lugares é porque sei aonde vou.
Só sei o que digo, quando repito. Só sei o que digo, quando repito.
Dei tudo o que pude. Há o que não sei dizer. Se pudesse, rasgaria meu peito, pois há o que não sei dizer. Que bela amante das palavras! Não sabe dizer tanta coisa...
No dia, quando eu aprender a falar tudo, eu serei. Mas agora

É tarde
e a carne
arde.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Ah, o Tempo...

Esse velho cavaleiro que corre,
corre muito.

Amante de corações jovens e aflitos
quando é Futuro.

Algoz das almas saudadosas
se chamam-no Passado.

Se Presente for,
quem o sabe ou sente?
Não sabe ficar.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Ai que sono! Dorme, amor. Vou dormir. Antes vou terminar de assistir a "Laranja Mecânica". Sem som, ou melhor, bem baixinho. Ruim ver filme sem som, mesmo legendado, gosto de ouvir a voz dos atores, a música, a sonoplastia, os passos de suspense, os gritos... Amor, sabia que está tocando a Nona sinfonia (pelo menos foi o que o personagem disse)? Amor? Dormiu. Filme sem som. Cansei. Vou dormir. Fiquei pensando. Pensar é uma merda na hora de dormir. Não quero pensar, mas lembrei do trabalho. Senti medo. Muita responsabilidade. Será que vou dar conta? Tenho que dar. Ai que medo! Amor, tô tão ansiosa, não consigo relaxar... ainda tô de férias, mas já tenho trabalho pra fazer. Amor? Dormiu. Ruim ver filme sem som. Ruim sentir medo e não poder sentir medo. Tudo bem, não precisa sentir medo, você já tem tudo organizado: dia 18 entrega isso, dia 26 entrega aquilo, nesse meio tempo prepara os cronogramas, entra em contato com as editoras dos livros, divide as tarefas entre os professores, prepara os materias de sua responsabilidade, as ementas e está tudo certo! MAS eu ainda tô de férias... pois é, foi o que eu disse quando comecei a pensar. Então larga isso pra lá e volta a dormir! Tudo bem que eu nem comecei a dormir. Não consigo - estou com medo e ansiosa, o filme é maravilhoso, mas está sem som e ainda não tenho com quem dividir minhas angústias.


Acho que vou levantar e escrever um pouco.