quinta-feira, 16 de julho de 2009

A desejada das gentes

Não há dúvida de que a felicidade seja um conceito individual e cultural, estado estreitamente ligado aos valores e à visão de mundo do homem. Assim, como mulher ocidental e contemporânea, o tão almejado estado é tal qual sou: fragmentada, contraditória e perecível.

A fragmentação referida é a certeza de momentos - e não mais que isso - em que alcança-se o sublime, o perfeito encontro do desejo e sua realização. Acreditar em mais é viver frustrado. Felicidade é ver seu nome estampado num cartão de visitas, prova cabal de que existe no mundo real.

Conquistado seu espaço, já não se sabe mais que caminho seguir. A modernidade traz consigo um universo de possibilidades tão vasto que as escolhas alternam-se, contradizem-se e o que satisfaz o homem hoje, não o contentará amanhã. Felicidade é ser amante do branco, mas ter todas as cores dentro do armário.

Depois de tê-la, um dia - ou no segundo seguinte - a felicidade acaba. Da mesma forma que a vida humana só tem sentido porque é finda - a imortalidade alteraria todos os paradigmas que nos orientam -, aquela é querida porque fugaz. Sua perenidade arrancaria-lhe todo sabor de vitória. Felicidade é ver o sol se pôr, na praia, com seus amigos e amores, mesmo que o amanhã não chegue.

Aceitar a finitude e a instabilidade da felicidade já é estar mais próximo a ela. Assim, conhecer para realizar-se é ir pintando um quadro para o qual, no fim da vida, olharás em sua completude e dirás: fui feliz.