terça-feira, 14 de agosto de 2012

É o que o tempo faz.

Não é o fim do mundo. Mas confesso que fiquei triste por não encontrar nenhuma foto em que estivéssemos nós dois apenas. Fiquei desconfortável com isso que não pode ser questionado, não se pode mudar. Não gostei de não termos tido mais tempo.  O que primeiro se esquece de alguém que não se vê é a voz. Depois o cheiro. Depois os modos: o andar, as mãos no ar, o olhar. A risada barulhenta. Depois o rosto.

Já esqueci o rosto. Faz tempo. A imagem dele é uma falta imensa. Só vejo a falta. Um vulto. Porque não tivemos tempo. E eu adoro quando alguém me conta uma história nova dele, pois é a única forma de ele ser algo além do vazio da repetição da imagem que falta. Ultimamente todas as histórias estão velhas. O tempo foi pouco pra todo mundo.

Não era o que eu procurava, mas aqui estou em seu colo. Tão pequena. Nada eu lembro desse dia. Mas o sorriso é bonito. E, na foto, ele tinha apenas 27 anos. A idade que eu tenho hoje. Era um garoto com dois filhos. E ele sorria.

O efeito é do tempo mesmo. É o que o tempo faz: tira a tinta, a cor, o tom...