quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Sinta

Ele, sem saber que era impossível, pediu uma resposta.
Mas como responder em palavras, o que com palavras não se pode dizer?

Tentei, em vão: "olhe-me e verás!"

Mas ele não viu
que cada parte do meu corpo agradecia, em êxtase, o toque recebido;
que meus olhos o olhavam como quem vê a manhã que se abre;
que minha boca conhecia o gosto do prazer porque conhecia o gosto do seu beijo;
que ao seu lado minha alma voou e descobriu a liberdade;
que, curiosa, minha mente queria sempre mais, um pouco mais
(ele disse que o universo e a sabedoria eram infinitos e eu acreditei);
que sendo dele, era eu, ali, de mim mesma - pois não há diferença.
Mas ele não viu.

E precisei, num exagero ultra-româtico,
gritar: EU TE AMO!

(a eterna vulgaridade das palavras)

um pássaro cantou ao fundo.

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