quarta-feira, 1 de maio de 2013

Eu tenho prazos na vida. E todos eles se referem ao trabalho. Só o trabalho me dá prazos. E costumo descumpri-los todos. Talvez eu precise abandonar essa parte do meu trabalho porque, para mim, os prazos são bobos, pequenos, irrelevantes.

Há mais que os prazos: há os amigos que sofrem e precisam de beijos, que não curam, mas fortalecem. Há os amigos doentes para os quais cada minuto da minha vida doada é ouro. Há os amigos que precisam começar a escrever a monografia e para os quais a página em branco é um monstro assustador e contam comigo para saber por onde começar.

Há os livros. Tantos. Ainda me resta ler tantos. Há esse vazio a ser preenchido por palavras. E diante do deslumbramento causado por quem consegue dar forma e sentido ao inominável, a Deus, àquilo que existe simplesmente, como cumprir prazos?!

Há a música! Há os meus passos tortos no chão da sala como se bailarina fosse. Há o tempo que passa em meu ócio. Há o silêncio das minhas construções e devaneios. Há as minhas lembranças. Há o som do trem de Paris a Versailles e a paisagem pela janela e aquele sol claro a me lembrar que a vida é boa.

E há Francisco e há o Lucas. E sobre eles basta dizer que minha casa está cheia: cheia de um não sei quê capaz de preencher cada segundo de uma vida tão intensa que basta.

O único prazo inquestionável é a morte. Até lá, vou vivendo e enganando todos os outros.

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