domingo, 21 de março de 2010

Meu devaneio

Se possível fosse,
partiria-me em duas:

uma falaria doce
a outra enlouqueceria

a sensata estaria na terra
a adolescente jogaria-se no (seu) mar

em algum tempo ela se perderia
aquela desejaria só encontrar

mas as duas atenderiam
quando a voz do poeta resolvesse chamar.




(Escrevo porque não sei falar,
não como deveria; não o que preciso.
Então escrevo.
Meus destinatários são tantos.
Às vezes ninguém: escrevo por não ter saída.
Vez ou outra dou a sorte de ser compreendida.
Vez ou outra dou a sorte de me compreender.)

6 comentários:

Anônimo disse...

Lindo poema. Mostra uma comparação chocante: " uma falaria doce / a outra enlouqueceira" Irei vir aqui todo dia. Com poemas como estes quem é ue não gosta ?

Carol da Matta disse...

querida, obrigada! Venha sempre!

Agnes disse...

Professora, gostei muito, até salvei no computador.

Agnes disse...

Já sei porque esquece de ir no meu sempre haha, não incluiu ele no 'Outras palavras'

Agnes disse...

haha Quantos comentários meus aqui. Poxa professora, me mandaram aquele texto para postar, nem sabia que era do Cristóvam Buarque. Já concertei!

Anônimo disse...

compreender e compreender-me, no meu caso, deixo pra segundo plano. Ressalto o meu primeiro: ler palavras dispostas uma para com a outra harmoniosamente como as suas e escrever.

Aaah.. Palavras mexem demais com os lugares que ninguém consegue tocá-los.