- Porque, se tenho me justificado pelo meu choro, é porque não quero que ele pareça o que realmente é.
Era hora do almoço quando o encontrou. Laura queria apenas ser carregada por aquela conversa, foi o que pensara ao vê-lo - essa, uma metáfora roubada. Era disso que se tratava aquele encontro. Um encontro tão generoso que entendesse o seu silêncio. Porque ela nada poderia falar naquele dia.
João já estava na porta do bar. Uma das mãos no bolso e a outra segurando distraidamente o cigarro. Seu rosto estava claro apesar da barba por fazer e foi um alívio a visão dele ali.
Era confuso o que sentia. Ele estava certo: devia, o mais rápido possível ,desvencilhar-se daquela dor e daquela alegria que nunca verdadeiramente lhe pertenceram.
A aflição dela vinha do não saber. Ela queria apreender o mundo com seus olhos, mãos... com o corpo todo. Queria que sua existência fosse o testemunho de tudo aquilo que há. Mas o mundo lhe escapava.
- Laura, ...
...
...
...
Distraía-se com bobagens: música no rádio, pessoas passando, o vento que balançava timidamente as árvores, o sol que dava uma cor diferente aos olhos dele. Lá fora, a vida.
Palavras em ciranda na sua cabeça, alheias ou suas, tomavam-lhe tempo demais.
Um comentário:
Obrigado pelo comentário professora! É bom corresponder por aqui, fora daquela "quadradice" toda de preparação pro vestibular... com a mente mais livre.
Enfim, gostei muito do texto, passarei aqui mais vezes.
Um abraço,
Daniel
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