segunda-feira, 4 de abril de 2011

O caminho e o mar

Se eu fosse Clarice, diria que existe uma beleza profunda em sentir-se pequena e sofrida e sem rumo. E talvez eu falasse da anestesia fortíssima, cotidiana porém, que faz as pessoas acharem que são felizes e do quanto eu prefiro esse aperto agudo na boca do estômago que me mantém viva.

Mas eu não sou ela. Também pouco sei mentir. E para a pergunta mais difícil dos últimos tempos não tenho sequer esboço de resposta. Hoje não me importei de pegar um caminho mais longo só para passar pela praia e ver, assim com olhos sem desejos, aquilo que está além de mim. Porque, às vezes, eu esqueço que eu não sou o mundo. E que eu posso não responder agora que o mundo não para de girar. E se tudo for uma fracasso, é só isso.

De repente, o mar que é grande mas não pensa sobre isso me lembra que sentir-se pequena em seus braços é de uma beleza absoluta. E que esse aperto agudo na boca do estômago é você, que me deixa em mãos trêmulas desde a sua voz apenas, e me mantém viva sim. E sei que foi bom o percurso mais longo, mesmo pequena e sozinha diante do mar, mesmo tendo medo, tanto medo de sentir medo do fracasso e de ficar parada e de não saber o que responder.


Um comentário:

Yan Venturin disse...

Inspirador, catártico e bonito. Entretanto único e pessoal. Gostei. =)