domingo, 17 de abril de 2011

A pergunta mais difícil dos últimos tempos começa a ter um esboço de resposta. Ainda uma imagem um tanto difusa, que se forma sem pressa de ser alguma coisa. A minha vida inteira tive pressa de ser, sem dar espaço ao tempo, sem dar ar aos pulmões e desejos às minhas vontades.

Tudo em mim nasceu prematuro.

Tenho me sentido meio Alice no país das maravilhas, ou uma personagem dos filmes de Lynch ou a "menina de lá" de Rosa. Num universo onírico onde as respostas nem sempre têm lógica e o irreal faz sentido. O sentido não é algo em si mesmo, não existe a priori: cada dia mais fica claro, vira o meu caminho, passo a passo, sem pressa.

Venho construindo sentido. Indo numa nova direção, mas sem mudanças bruscas. As verdadeiras transformações são quase imperceptíveis, me disse certa vez um querido amigo. Concordo.

No quadro difuso, que vejo no acostamento da estrada que percorro devagar, leem-se:

A vida é implacável. Acontece todos os dias.

Não quero a burocracia. Quero a poesia.

Existe o medo. Mas existe o amor.

Música é bom. Silêncio é bom. Minha alma repousa na sua voz.

E eu continuo, sem pressa.

2 comentários:

Stefan Rotenberg disse...

Como se escreve "sorriso"? Escreve-se "calor na alma"? "Olhar cúmplice"? "Dentes de felicidade"? "Músculos alegres"? Uma certa "calma dourada"?

Não sei. Mas eu sorri tanto, que talvez tenha até doído.

Natália Blanco disse...

Acho que não consigo encontrar pessoa melhor como exemplo...A cada dia encanto-me mais com a sua sensibilidade.